“Hoje é o meu dia de sorte!” Quantas vezes não dissemos isto no passado, transformando-a numa frase vazia? Hoje estas palavras fazem sentido: estou a ter uma segunda oportunidade. Nos meus dias de jogo, eu sacrificava qualquer “hoje” pelo sonho de um qualquer amanhã distante. De tudo o que perdi, o que lamento mais são todos aqueles “hojes” — não os posso trazer de volta. Mas hoje — este dia — é meu. Não o sacrificarei nem o desperdiçarei.

Durante grande parte da minha vida, eu quase sempre via tudo de forma negativa. Era tudo sério, difícil, ou simplesmente horrível. Talvez eu possa agora mudar realmente a minha atitude, procurando os vencedores no Programa de Jogadores Anónimos, aqueles que aprenderam como viver satisfatoriamente no mundo real — sem jogar.

A minha compulsão pelo jogo tem um peso triplo: afeta-me fisicamente, mentalmente e espiritualmente. Enquanto jogador compulsivo, eu estava sem contacto nenhum, não só comigo mesmo, mas com a própria realidade. Um dia infeliz atrás doutro dia infeliz. Como um animal preso a um moinho de pedra, eu ia repetindo o meu padrão de vida autodestrutivo.

Antes de chegar ao Programa dos Jogadores Anónimos eu não tinha a menor ideia do que é que significava “Viver o presente”. Geralmente, ficava obcecado com coisas que tinham acontecido no dia anterior, na semana anterior ou cinco anos antes. Pior ainda, passava muitas das minhas horas de lucidez a tentar impedir “o desastre do futuro”. “Para mim”, escreveu Walt Whitman, “cada hora do dia e da noite é um milagre perfeito e inexplicável”.