Costumava imaginar a minha vida como uma grotesca pintura abstrata: uma montagem de crises emoldurada por catástrofes consecutivas. Os meus dias eram todos cinzentos e as minhas ideias mais cinzentas ainda. Sentia-me assombrado por medos terríveis e desconhecidos. Estava cheio de aversão por mim próprio. Não fazia ideia de quem era, o que era ou porque é que era assim. Não tenho saudades de nada desses sentimentos. Hoje, passo a passo, estou a descobrir-me a mim mesmo e a aprender que sou livre para ser eu mesmo.