Durante vários meses depois de chegar a Jogadores Anónimos, dei pouca atenção ao Décimo Primeiro Passo, a prática de meditação e oração sérias. Pensei que ela me podia ajudar a resolver alguma emergência – como uma vontade repentina de voltar a jogar – mas permaneceu entre os níveis mais baixos da minha lista de prioridades. Naqueles dias, colocava a oração e a meditação no mesmo nível dos mistérios e até da hipocrisia. A partir daí, descobri que os resultados da oração e da meditação são mais gratificantes do que alguma vez poderia ter imaginado (...)

Nas palavras de Teilhard de Chardin "Não somos seres humanos que possuem experiências espirituais, mas seres espirituais que possuem experiências humanas." Embora, em teoria, reconheçamos que somos seres espirituais, a maioria dos jogadores compulsivos tinha de ter algum tipo de despertar espiritual antes de estarem dispostos a entregar a sua vida a um Poder Superior. Só então fomos finalmente capazes de dizer que nos tornamos seres espirituais. Para alguns de nós, foi como se tivéssemos tido contacto com a espiritualidade pela primeira vez nas nossas vidas (...)

O Livro Vermelho dos Jogadores Anónimos diz-nos que "a palavra espiritual pode ser usada para descrever as características da mente humana que representam as melhores e mais altas qualidades, como a bondade, a generosidade, a honestidade e a humildade. Da mesma forma, a Irmandade dos Jogadores Anónimos pede-nos que consideremos estes princípios como um modo de vida, sendo ela própria uma Irmandade espiritual (...)

Quanto mais reflexões fazemos, mais percebemos quantas vezes reagimos negativamente porque o nosso "orgulho foi ferido". O orgulho é a raiz da maioria dos meus problemas pessoais. Quando o meu orgulho é "ferido", por exemplo, quase invariavelmente, sinto ressentimento e raiva – às vezes ao ponto de não poder falar ou pensar racionalmente. Quando me encontro neste tipo de pântano emocional, preciso de me lembrar que o meu orgulho – e nada mais que ele – foi ferido (...)